A avaliação da qualidade de vida, ansiedade, depressão, stresse e autoeficácia dos pais de crianças e jovens com deficiência

  1. Jardim Fernandes, Líria Maria
Supervised by:
  1. Cándido J. Inglés Saura Director
  2. Margarida Maria Ferreira Diogo Dias Pocinho Co-director
  3. José Manuel García Fernández Co-director

Defence university: Universidad Miguel Hernández de Elche

Fecha de defensa: 26 July 2014

Committee:
  1. Antonio Miguel Pérez Sánchez Chair
  2. Juan Carlos Marzo Campos Secretary
  3. Renato Gil Gomes Carvalho Committee member
  4. Angela Diaz Committee member
  5. José Jesús Gázquez Linares Committee member

Type: Thesis

Abstract

A promoção da saúde e da qualidade de vida individual tem sido objeto de várias pesquisas nas últimas décadas. No entanto, os estudos realizados com incidência na deficiência, tendo em conta a qualidade de vida (QV) familiar, são escassos, o que reforça a necessidade de investigação nesta área. Urge, assim, perceber o real impacto que uma criança com deficiência provoca no seio familiar, para posteriormente se conseguirem desenvolver estratégias de atuação. Neste pressuposto, o presente estudo tem como objetivo geral analisar a qualidade de vida, ansiedade, depressão, stresse e autoeficácia dos pais de crianças/jovens com deficiência intelectual, multideficiência e autismo. A partir de uma amostra de 871 participantes, avaliaram-se estas cinco variáveis comparando-as com famílias com filhos sem deficiência. A amostra do estudo é constituída por pais e mães de crianças/jovens com deficiência, num total de 403 pais (46.3%), sendo 227 do sexo feminino e 176 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 21 e os 81 anos (M = 45; DP = 9), e pais e mães de crianças/jovens sem deficiência com a distribuição de 468 pais (53.7%), sendo 242 do sexo feminino e 226 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 25 e os 79 anos (M = 43; DP = 8). A maioria dos pais tem filhos com deficiência intelectual, com 206 sujeitos (51,1%), seguida do autismo com 143 sujeitos (35,5%) e, por fim, a multideficiência com 52 (12,9%). Os dados foram recolhidos através do World Health Organization Quality of Life ¿ Bref (WHOQOL-Bref),da Escala de Ansiedade, Depressão e Stresse (EADS) e da Escala de Autoeficácia Geral (EAG), a ambos os grupos de pais com e sem filhos com deficiência. Os resultados apontam que em todas as variáveis os pais com filhos com deficiência têm menos qualidade de vida, mais ansiedade, mais depressão e mais stresse e menos perceções de autoeficácia. Os dados revelam que a QV nos domínios físico, psicológico, ambiente e a autoeficácia dos pais com filhos com deficiência varia consoante o tipo de deficiência. No entanto ao comparar o tipo de deficiência, o autismo é o que apresenta valores superiores nos vários domínios da QV, com exceção no domínio relações sociais. Relativamente à autoeficácia, os pais de crianças autistas apresentam igualmente melhores níveis de autoeficácia que os pais de crianças com deficiência intelectual. Entre a deficiência intelectual e a multideficiência não foram encontradas diferenças significativas. Existem também influências significativas das variáveis sociodemográficas, em que a QV e a autoeficácia diminuem à medida que a idade dos pais e a dos filhos aumenta. Do mesmo modo os pais apresentam maior QV e autoeficácia e menor ansiedade, depressão e stresse à medida que a escolaridade aumenta. Verificou-se ainda que a perceção da QV destes pais diminui, consoante os níveis elevados de ansiedade, depressão e stresse, sendo de igual modo a perceção da QV diminuta perante os níveis baixos de autoeficácia. As evidências encontradas neste estudo convidam-nos à elaboração e reflexão sobre novas estratégias que possibilitem a obtenção de um melhor conhecimento que facilite o desenho de programas de intervenção para as famílias, de modo a fomentar a capacitação familiar, dando origem a novas formas de saber lidar com estas dificuldades, de modo a favorecer níveis de promoção de saúde e contribuir para uma melhoria do bem-estar psicológico e da QV das crianças e das suas famílias. Tendo em conta os resultados aqui apresentados seria benéfico intervir o mais precocemente possível com famílias de crianças e jovens com deficiência no sentido de promover-lhes estratégias de autoeficácia, uma vez que estas irão aumentar a QV e diminuir os níveis de ansiedade, depressão e stresse.