Análise econômica do direito e as decisões judiciaiso judiciário como uma variável econômica

  1. Guasque, Bárbara
Supervised by:
  1. Alexandre Morais da Rosa Director
  2. Isabel Lifante Vidal Co-director

Defence university: Universitat d'Alacant / Universidad de Alicante

Fecha de defensa: 27 November 2018

Committee:
  1. Alexandre Morais da Rosa Chair
  2. Gabriel Real Ferrer Secretary
  3. Joana Stelzer Committee member
  4. Everton das Neves Gonçalves Committee member
  5. José Everton Da Silva Da Silva Committee member
Department:
  1. FILOSOFIA DEL DERECHO Y DERECHO INTERNACIONAL

Type: Thesis

Teseo: 574110 DIALNET

Abstract

A presente Tese tem como objetivo geral demonstrar que a metodologia trazida pela Análise Econômicas do Direito contribui significativamente para a melhor compreensão dos fenômenos jurídicos, auxiliando na adoção de políticas judiciais e na tomada de decisões mais racionais e eficientes, buscando o aprimoramento de um protagonismo judicial que impulsione o crescimento econômico nacional e sirva de instrumento ao bem-comum e útil a todo o arranjo social. Foram elencados os seguintes objetivos específicos, distribuídos, cada qual, num dos cinco capítulos e da seguinte forma: a) possibilitar uma compreensão geral da teoria econômica traçando um breve resgate da historicidade da teoria econômica e analisando seus princípios basilares bem como a maneira que eles podem auxiliar na análise dos fenômenos jurídicos; b) descortinar a Análise Econômica do Direito, trazendo a sua origem, os principais teóricos, demonstrando a sua evolução e transformação bem como os pressupostos sobre os quais se assenta; c) demonstrar de que maneira o Poder Judiciário constitui uma variável econômica mediante o exame das variáveis que afetam diretamente o Spread Bancário e o Custo País; d) trazer a problemática da procrastinação judicial como um dos principais gargalos da justiça brasileira e que a morosidade deita suas raízes na desmesurada quantidade de processos que tramita atualmente. Diante dessa constatação foi efetuada uma análise econômica da litigância, a fim de identificar os fatores que impulsionam a litigância sensivelmente mais elevada que em outros países, bem como as medidas passíveis de reduzir as externalidades negativas produzidas pelo uso desmedido da tutela jurisdicional; e) ocupar-se do déficit de segurança jurídica proporcionado pelo Poder Judiciário brasileiro e da relação positiva existente entre as decisões judiciais e o desenvolvimento econômico, mediante a previsibilidade. Mediante uma Análise Econômica das decisões judiciais foram identificadas e estudadas as principais áreas de insegurança jurídica que servem de entrave ao desenvolvimento econômico e melhoria do bem-estar social. A presente tese encerrou-se demonstrando que as sociedades contemporâneas complexas impendem meios de simplificação que reduzam a complexidade, o que pode ser alcançado por meio da confiança. O mesmo acontece com o entorno econômico contemporâneo. A crescente complexidade e intensidade de informação da vida moderna, torna o planejamento econômico altamente complexo, dependendo, por sua vez, ainda mais da existência de confiança para dirimir o risco e reduzir a complexidade. É impossível a prosperidade econômica e social sem confiança. Fukuyama ratifica essa constatação, demonstrando o que considera “uma das lições mais importantes que se aprende com um exame da vida econômica”, o fato de que o bem-estar de uma sociedade, assim como a sua capacidade de competir, estão subordinados à uma única característica inerente a sua cultura: o nível de confiança. O economista atesta que as sociedades mais desenvolvidas do mundo contemporâneo, como Estados Unidos, Japão e Alemanha possuem em comum o fato de serem sociedades orientadas por alto nível de confiança. A confiança, para o autor, tem um grande e inestimável valor econômico, assim como para Luhmann, ela é um imperativo da vida social. Especificamente no que concerne ao sistema econômico, é impossível a um sistema econômico conviver com desconfiança. Logo a chave para o investimento acontecer, gerando produção, consumo, renda e emprego está na confiança. O crescimento econômico, como Keynes supôs, tem uma correlação positiva com a baixa aversão à incerteza. Os agentes econômicos, assim como qualquer cidadão, precisam de confiança e segurança para prosperar. Confiança é um valor, é um capital social, um imperativo de sobrevivência e desenvolvimento. O crescimento de uma economia depende, portanto, não apenas dos fatores econômicos, mas também das instituições, da confiança que elas transmitem, das expectativas que elas asseguram e assentam. Neste contexto exsurge o Poder Judiciário como uma estrutura hábil a cumprir relevante e essencial função dentro do sistema global, de proporcionar e zelar pela confiança em todo o arranjo social e econômico, assentando e generalizando as expectativas, reduzindo a incerteza e dirimindo o risco. A confiança produzida pelo Poder Judiciário serve como ponto de partida, correto e apropriado, para a derivação de comportamentos apropriados. Ela facilita as interações econômicas e sociais, ampliando as possibilidades de ações e permitindo maior crescimento, desenvolvimento e prosperidade econômica e social. O Judiciário é um potencial criador e garantidor de confiança, por isso lhe é atribuído o papel de uma variável econômica. Seu amplo potencial de produzir e zelar pela necessária confiança das relações econômicas alçam-no ao patamar de uma das variáveis de maior impacto na economia. Tanto é assim que o Poder Judiciário é uma das variáveis consideradas quando da aferição dos principais índices, rankings e relatórios efetuados acerca da qualidade do ambiente negocial e de investimentos no país. Mas para produzir e garantir a confiança o Poder Judiciário precisa primar pelas regras do jogo, respeitando o ordenamento jurídico positivado e a escorreita aplicação das regras jurídicas válidas. Também é necessário a confiança de que a tutela jurisdicional se dê em um prazo razoável. Constatou-se então, que na morosidade e na insegurança jurídica residem os principais gargalos do Judiciário brasileiro. A maior fonte de incerteza, risco e desconfiança. Dado esse diagnóstico, a presente tese se propôs a enfatizar, com suporte na Análise Econômica do Direito, a necessidade de melhorar o ambiente institucional judicial brasileiro, nomeadamente com relação às duas questões capitais para a almejada confiança e o desenvolvimento do entorno econômico: a procrastinação judicial e a insegurança jurídica. Neste sentido, a Análise Econômica do Direito é crucial, pois propicia aos operadores do direito, escolhas mais racionais e bem fundamentadas, muitas vezes comprovadas empiricamente, conduzindo a um horizonte mais amplo de perspectivas e incentivos. Confirmou-se na presente tese, a hipótese incialmente aventada, de que a metodologia trazida pela Análise Econômicas do Direito contribui significativamente para a melhor compreensão dos fenômenos jurídicos, auxiliando na adoção de políticas judiciais e na tomada de decisões mais racionais e eficientes, trazendo uma maneira de interpretação sensível aos seus impactos econômicos, buscando o aprimoramento de um protagonismo judicial que impulsione o crescimento econômico nacional e sirva de instrumento ao bem-comum e útil a todo o arranjo social. Mediante essa perspectiva fornecida pela Análise Econômica do Direito o Poder Judiciário tem melhores condições de proporcionar e zelar por uma condição essencial à prosperidade econômica, que é a confiança, permitindo maiores possibilidades de desenvolvimento econômico do país e bem-estar social.